segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A casa é qualquer lugar que você esteja

Escrever pra você nunca mais será como algo aliviante. Tudo soa muito perturbador e ainda são meia noite. Eu te fiz eterno em cada palavra minha e sou uma miserável agora, assim como o Morrissey. Desde o momento em que parei de esperar mais de você e esperar mais de mim, venho me decepcionando gradativamente. Fiz de toda dor, uma barreira que impedisse qualquer ser estúpido se aproximar de mim. Mas acabei afastando as pessoas erradas, só pra ficar mais junto à ti. Me sinto deslocada do meu lugar. Sou hóspede na minha própria casa, mas se você estivesse aqui, me sentira mais à vontade. Estive mantendo tudo limpo pra que quando você voltasse, estivesse tudo arrumadinho do jeito que você deixou quando saiu por aquela porta deixando minha vida fora de órbita com sua bagunça. Em toda minha vida, eu nunca esperei tanto a volta de alguém como a sua. Come as you are. Eu esperei e desejei por noites, todas as noites, assistir todas suas faces e ouvir sua risada solta e baixa quando eu digo alguma coisa desnecessária só pra quebrar com nosso silêncio. E que saudade senti desse silêncio... Ele ecoava em todas essas noites de tamanha espera por seus braços. Então, por favor, leve-me para algum lugar desta vez. Leve-me à loucura. Ao delírio que é estar com seu peso sobre meu corpo. Não me olha com essa cara bonita só pra me desfazer na sua frente. Você se tornou a história da minha vida. Daquelas que se faz um livro com infinitos capítulos e que todos tem imensa preguiça de ler de tão repetitivo que se tornou. E me decepcionei ao perceber que você não cabe em mim, não com tuas façanhas e mentiras. Mas coube toda sua dor e angustia. Você me deu as costas e isso foi mais doloroso que um tiro no peito. Eu jurei que aquela seria a última vez, teus olhos seriam as últimas coisas escritas por mim. Mas enquanto estive deitada os observando, sentindo sua respiração cansada e ouvindo seu ronco, percebi que resistiria ao inferno do que viver sem você. E eu escreverei um livro sobre teus ombros cansados, teus olhos canalhas e de cada minúscula parte do teu corpo como quem escreve sobre sua coisa mais favorita no mundo. Mesmo sabendo que ele permaneça empoeirado num canto de uma estande, ou que seja algo recomendado apenas aos desprovidos de sanidade. Te escreverei 500 cartas inviáveis só para que tudo que vivemos se torne eterno, assim como você se tornou pra mim.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Why, Henri?

E então, como posso me permitir dormir sem ao menos ouvir como foi teu dia? Um preguiçoso ano que se arrastou só pra eu sentir mais a tua falta. Um ano sem te ver, sem te tocar, sem saber, ao menos como vai tua vida. Eu estive com outros caras. Brancos e altos, assim como você. Loiros e morenos. Juro que pensei pouquíssimas vezes em você, e cheguei acreditar que eu não te amava mais, apesar de não aceitar que amar possa se conjugar no passado. Estive fora, viajei por uns meses e voltei para o mesmo lugar, literalmente. Agora me vejo revirando coisas, bagulhos e sempre te reencontrando em todas estas coisas. Cada coisinha tão pequena e besta, porém tão peculiar. Te encontro até mesmo neste cheiro de coisa velha que agora exala o ambiente. Me livrei de você ilusoriamente. Pensei estar limpa, mas continuo suja de você, dos pés à cabeça. Até minhas palavras estão imundas. Cadê você, hein, Henri? Por que você some nestas horas? Hoje eu te procurei na rua, por onde costumávamos andar juntos. Mas você estava aqui dentro de mim, perdido nas minhas velharias esperando eu chegar pra te achar. Tudo o que sinto agora é raiva de mim por ser tão babaca, e tudo escrito aqui soa tão sentimental que me causa náuseas. Desculpe, palavras não são o meu forte. Talvez eu devesse pedir que volte, ou eu mesmo deveria largar tudo neste exato momento e ir até você. Pegar qualquer condução que me leve de volta pro lugar de onde nunca deveria ter saído. Mas eu não vou fazer isso porque eu sou uma chata e orgulhosa e escrota. Sou tudo isso e mais um pouco, mas eu to aqui se quiser. Vá! Pode ir, eu não esquento. Beije outras, faça sexo com elas. Mas volte e faça amor comigo. Volte porque ninguém te conhece tão dolorido e tão você como eu. Entre coisas bonitas, eu prefiro o que há de mais rude em você. Não há nada mais triste do que te ver de longe e não poder ter tuas mãos calejadas acariciando minhas costas. Então, não mantenha tanta distância. Eu fiz isso e me deparei com a maior das certezas da minha vida: eu amo você.

E por que eu nunca enjoei de você?

Então, por onde eu começo? Ou será que devo recomeçar? Nem lembro mais de onde eu parei. Ah, sim. Estava dizendo sobre teus olhos canalhas, e agora me dei conta de que existem teus membros superiores, inferiores e cada maldito centímetro do teu corpo que insisto em percorrer todas as vezes que esqueço o caminho de casa. A casa é qualquer lugar que você esteja. Hoje, só por hoje eu me renderia ao inferno que é teu aconchego. Aquela história de que estou livre de você é somente algo pra eu, talvez, tentar acreditar e não sofrer mais. Sim, é tudo papo furado. É tão difícil simplesmente abrir mão dessa minha abstinência de você. São quatro meses de mentira, e um pouco de ordem pra minha vida. To de boa, seguindo. Tropeçando pra que talvez você surja repentinamente e me segure, mas você não aparece e, então, eu caio de cara no chão. Não sei ainda porque estou escrevendo pra você. Mas que merda!!! Queria estar escrevendo sobre a nova fase da minha vida. A tão esperada “Independência”. Está sendo divertido, porém não tão interessante como falar sobre você. Mas que merda!!! Tudo tão comum e clichê que me cansa. Tu sabes, Henri, odeio mesmices. E por que eu nunca enjoei de você? Olha, eu preciso muito conversar com você. Essas pessoas são repugnantes. Massas, fantoches e facilmente manipuláveis. Comuns. Bonitas e abstratas. Não abstratas como nós, que só nós entendemos o sentido “da coisa”, mas abstratas, que eu digo, é sem sentido. Ilusórias. Sabe quando você se impressiona com a aquele brigadeiro de padaria enorme, mas quando come descobre que é aquele que já é vendido pronto e eles só enrolam no granulado? Já fabricado. As pessoas estão assim e eu não aguento mais essa falta de interesse por qualquer coisa. Elas só pensam em agir em conformidade com o que algum filho da puta pôs na cabeça delas e não com o que elas realmente acreditam. E eu estou lidando com esse tipo de pessoa todo santo dia, por diversas vezes. É capaz de entender agora por quê só escrevo de você?
“Você é minha fase ruim. Não. Você não me conheceu numa fase ruim. Você é a fase ruim. Você é o tipo de pessoa que faz as coisas desandarem, que provoca a fúria das coisas. Você é o tipo de pessoa que descoisifica qualquer coisa. Alguém assim não pode ser coisa boa.”
Você não é coisa boa, mas consegue ser tudo que eu preciso. Que saudade de você e de toda aquela bagunça que você causava na minha vida. É realmente muito bom lembrar de você, e acredite, eu faço isso sempre. Foi fácil pra mim hoje falar sobre essas coisas pra você, porque sinto que posso contar até as coisas mais terríveis que já fiz. Você se manteria perto.

Olhos canalhas

Que é eu vou fazer pra te esquecer? Se só esta noite eu sonhei com você duas vezes. Que é que eu vou fazer se a única coisa que resiste aos meus demônios, que persiste em se manter vivo em mim é você? Teu cheiro, tuas manias, teus erros, tuas mentiras, teus olhos… Da última vez parecia mesmo que era o fim. Ficamos por alguns minutos abraçados. Eu não conseguia parar de te olhar, e nem você. A luz estava baixa, e já faz bastante tempo, mas eu me lembro, cara. Eu lembro perfeitamente. Eu preciso escrever sobre estes olhos um dia, pensei. Nunca escrevi. E lembra-los agora faz com que meu corpo inteiro entre em erupção. São 11H da manhã e eu nem tomei café ainda. Vim correndo transpor o que acordei sentindo, mas sem sucesso! Hoje eu explodo, com certeza! Mas, enfim, a lembrança dos teus olhos faz-me agora estremecer. How wish… how wish you were here. Esta música faz com que tudo se torne mais triste e bonito. Por que não é assim que funciona? Quanto mais triste, mais belo. Teus olhos, profundos, carregam tantas tristezas, tornando-o cada vez mais lindo. Sacanas, maldosos. Pequenos e escuros. Olhos que tudo vêem, mas nada enxergam. Não consigo parar de pensar neles nem por um segundo. Eu desisto! Tentar dizer qualquer coisa sobre eles é inútil. E quem ousar falar em coisas belas sem citar os teus olhos, não sabe o que é realmente belo. E não quero mais falar sobre eles. Quero olhar parar eles. Quero que eles me olhem, que me torturem. Que me encorajam dizer todas aquelas coisas que eu te disse em silêncio enquanto você dormia. Eu não tenho ideia do que anda acontecendo pelo mundo. Não vejo mais tevê, não saio mais na rua. É como se eu morresse todos os dias, ou o mundo é quem morre. Perdi o sono, a vontade. Pensei que seria efêmero, como o resto das coisas. Mas ainda insisto em ficar na merda. Me diz qual é a vantagem em sair, se a única coisa que vou fazer é procurar por teus olhos? O pior é saber que não os encontrarei. Você é um monstro, cara. Lindo, mas tão ridículo que tenho vontade de te dar um soco, talvez assim você se torne um pouco feio. Só sei que estou com meu coração partido em míseros pedacinhos, cujos imploram por você. Saudades. Sim, estou com saudades e ai? Vai vir aqui me ver hoje? Chapado, canalha. Só por hoje, ou por quantos dias você quiser. Traga-te.

Não morra sem mim

Eu não vou hoje, e nem amanhã. Vou ficar aqui, sentada, redigindo qualquer merda que ouse passar pela minha mente. Não medirei minhas palavras, nem limites nas minhas mais férteis imaginações. Na verdade, eu só queria dizer que não vou hoje. Você não merece mais nenhuma palavra minha, não merece que eu ainda durma enroscada com tua camisa, muito menos que te procure nos bares ou que eu enche a cara numa tentativa inútil de te esquecer. Merece meu adeus, o último. Mas é a única coisa que jamais terá de mim. Não posso simplesmente ir embora, pois estou acorrentada no teu pulso. Pra sempre. Então, por favor. Don’t die. Você tem desejado isso todas essas madrugadas vazias com essa nova vadia que você anda dormindo. Eu sei. But don’t do this, não sem mim. Ainda é sobre você, tudo o que eu escrevo. Eu guardei um restinho das coisas mais bonitas e sinceras em mim. E acredite, são pra você. Mas essas coisas explodem todos os dias, como uma bomba atômica projetada só pra me matar todas as vezes que você, lamentavelmente, não está aqui. Eu percebi que começo sempre dizendo coisas horríveis a teu respeito, mas não demora muito pra eu mudar todo o sentido das minhas palavras (se é que elas fazem algum sentido) e logo depois já estou quase implorando pra que você fale comigo. Que volte só pra foder mais com a minha vida. Porque é só isso que você sabe fazer. Foder comigo! Então fode. As coisas andam tão sem sentido pra mim que é melhor ter teu estrago novamente. Pelo menos, eu estava com você. E isso sempre me manteve. “Veja, eu continuo caindo para o futuro depois de tropeçar no passado”. Eu continuo voltando pro nosso canto, onde tudo lembra você e isso faz com que mantenha um pouco de calma. Eu sei, isso tudo vai passar quando você voltar. E se não voltar, vai passar do mesmo jeito. Teu cheiro já saiu da tua camisa, a marca e o gosto do meu batom já saíram dos teus lábios também. E eu aposto que você já nem se lembra mais, ao contrário de mim, pois já houveram muitos outros beijos depois dos meus. Todas essas feridas abertas das porradas que levei irão se curar um dia. Mesmo que deixe cicatrizes. É só deixar rolar…

Na sua órbita

Hoje eu acordei querendo sentir tuas mãos nas minhas, ouvindo você sussurrar em meus ouvidos aquele simples “bom dia, meu amor”. Algo indescritível acontecia comigo. Desde que você se foi tudo perdeu o sentido. Sinto falta de cada momento que passamos juntos. A casa vazia, as paredes frias e brancas me lembram de como tudo tinha cor e vida própria quando você estava aqui. Tento me focar em outras coisas e até mesmo te anexar ao meu passado, mas sempre tropeço em você. E me perco. Quando vejo nossas fotos, memórias trazem de volta a saudade de como eu me sentia realizada por estar junto à ti. Você fazia com que as coisas desandassem, me tirava da órbita, mas me encaixava na tua. Saudade de me sentir mais que um simples alguém. Saudade do teu estrago. Você sabe, eu te amo. Meu Deus, e como eu te amo! Eu me refiz por você. E de ti fiz minha moradia: teus olhos, minha luz; teus passos, meu caminho; teus braços, meu refúgio; do nosso amor, minha calma. Fiz das tuas chegadas, sorrisos e das tuas partidas, lágrimas. Fiz desta tua ausência, minha pior dor. Hoje faço desta dor, poesia. Poesia esta que cada vez mais se torna insuportável e cansativa. Incompreensível e imprópria. Outro dia me peguei rindo sozinha. Eu juro, por um momento te imaginei sentado comigo fazendo piada de tudo, como sempre fazíamos. Repentinamente, tudo volta pro preto e branco, pois você não estava lá. Mas você deveria estar. Você me prometeu que sempre estaria aqui, e eu também prometi que não sairia de perto. Saímos. Nos perdemos. Me perdi. Eu perdi você e meu raio de sol. Minha vontade é de largar tudo. Bater no teu portão, correr para os teus braços. Te invadir e permitir tua invasão em mim. Pedir que esqueça esses problemas que tanto lhe afligem apenas por um instante, que olhe dentro dos meus olhos e sinta meu coração que a cada batida implora por mais um beijo teu.

Queda livre

Esse dia cinzento me faz querer ficar mais um pouco na cama. Meu corpo e minha mente requerem descanso, mas ainda são 5:30 da manhã e preciso levantar. Me forço a acreditar que esse dia possa, por acaso, ser produtivo se eu me empenhasse mais. Apliquei aquele poema que diz “Amanhã fico triste. Amanhã. Hoje não (…)” durante muito tempo, só que hoje foi o dia de ficar triste. Um dia cinzento, com um céu coberto de nuvens e somente minhas olheiras como companhia. Com essa manhã falida eu começo meu dia ouvindo aquelas músicas de sempre, que até aleatoriamente seguem aquela maldita sequência que me faz lembrar de coisas que não deveriam ser lembradas. Agora, a diária dor de cabeça começa – o que me faz pensar que preciso fazer um óculos urgentemente, antes que eu fique cega aos 18 anos-, e mesmo ainda no caminho para o colégio, já penso em voltar pra casa pra, finalmente, dormir mais. E por que não estou dormindo? Sim, eu perdi o sono de tanto pensar em você! Se já não bastassem noites de insônia, tenho que lidar com as tardes de insônia. Satisfeito? Eu que só pensava em chegar em casa logo pra dormir, agora só penso em tocar nos seus cabelos. Eu que resistia ao sono por você, hoje durmo obrigatoriamente pra não pensar em você. “Eu que não amo você envelheci dez anos, ou mais nesse último mês.” Como se fossemos dois desconhecidos, sem olhares trocados, você deixa apenas seu perfume quando passa por mim. Deixando também saudades e mais futuras insônias me fazendo lembrar de como era bom sorrir com você. O que faz parecer que estou caindo lentamente num abismo, sendo essa queda para dentro de mim. O que faz me jurar a cada fim de texto que tal seria o último. E esse texto não é pra você. Não é pra mim. São palavras para tampar o vazio deixado por você.

Aquilo que fica

Ainda pensei duas vezes antes de sair de casa. Acabei decidindo ir. Por que não? Já faz tempo que não saio com os amigos. Tantos trabalhos que esqueci que tenho uma vida. Mas sabe quando a gente sai com um sentimento estranho, já pressentindo que alguma coisa vai acontecer? Pois bem, meu semblante cansado que nem com todos aqueles corretivos e pó compactos foi capaz de melhorar, nem sequer um pouquinho. Me dei conta de aqueles que chamo de “amigos” foram incapazes de notar. Como assim, gente? Meu andar arrastado, minhas palavras quase não saíam… Ninguém foi capaz de perceber que eu não estava nada bem. Ninguém! E eu só queria que alguém perguntasse duas vezes se eu estava realmente bem. E teve uns que nem uma vez perguntaram. Acabei desistindo daquele sorriso hipócrita que “vesti” ao sair, e fui-me embora. Mas você me para no meio daquela festa idiota pra perguntar aonde estou indo. Digo que vou embora e você não se conforma. Insiste que eu fique, até que pergunta se estou bem. Digo que sim, e você pergunta pela segunda vez. Você reparou, não foi? Eu sei, você me conhece. Depois de perceber que estou completamente fodida, você insiste novamente, dessa vez, pra me levar em casa. Aceito. Não descobri um jeito que de te contrariar. No caminho, você me conta das novas garotas e eu te conto sobre meus trabalhos. Até me surpreendi, pois você nunca citou nem o nome de nenhuma delas. Isso me fez sentir uma dorzinha filha da puta no coração. Não sei é pelo fato de saber que você anda dormindo com outras, ou se é por você estar falando porque realmente não existe mais nada entre nós. Até que você passa seu braço em volta dos meus ombros e, automaticamente, os meus passam por trás da sua cintura. Você para. Paro também. Você diz sentir minha falta mais do que um dia já sentiu. E eu permaneço intacta. Até que você me abraça. Retribuo. “Ai, meu Deus… seus braços!”, penso. Aquele seu cheiro de sempre está se impregnando em minhas roupas e vou cheira-las a noite inteira. “Se você soubesse como é bom abraçar você, jamais me soltaria”, digo apenas pra mim. Não consigo dizer nada, nem me mover. Foram tantos anos, meses, dias, horas que passei longe desse seu calor que tenho medo de te soltar e acabar me deixando presa em você, como estive durante muitíssimo tempo. E você continua me abraçando e acariciando minhas costas. Que comecem os arrepios! Eu passei meus dedos em todos os mínimos pedacinhos de você. Daí, nos soltamos e rimos, rimos de tudo. Por que a gente se tortura tanto? Por que você me tortura desse jeito? Hein, criatura? Por fim, estamos na minha casa, rindo de todas as coisas que já dissemos um pro outro. Tudo que já fizemos escondidos por aí. Como aquela vez que saímos caindo de uma festa de tão bêbados e eu tirei a blusa no meio da rua. Eu estava toda molhada porque nos empurraram na piscina… e enfim. Acabamos assumindo pra nós mesmos que não somos feitos pra ficar juntos. Definitivamente! Mas por incrível que pareça ainda não existe ninguém como nós, assim, que saiba tanto, que entenda tanto, que repare tanto. Não há ninguém que se conheça mais do que a gente. E antes que você vá embora, dessa vez eu resolvi dizer tudo aquilo que você sempre soube, mas que eu nunca consegui dizer talvez por falta de coragem. “Vai se foder, cara! Eu amo você!”

Pois tudo diz sobre você

E mais uma vez fui vencida pelo teu estrago. Estou aqui de novo, no mesmo lugar, na mesma posição, repetindo todas aquelas palavras que você já deve estar cansando de ler. Apesar de detestar mesmices, não me canso desta. Escrever é ainda meu único jeito de não ir a loucura. Ou, quem sabe, me render de vez à ela. E te suplico pra que não tires isso de mim, pois são tantas coisas a serem ditas que às vezes sou incapaz de escrever algo coerente. Foram tantos beijos, não foram? Abraços e afagos. Tantas conversas, tanta trilha sonora. Eu as ouço ainda. Todas que dizem sobre nós. Todas elas. E é tão triste ouvi-las sem você, ainda mais tendo todas as minhas células berrando pelo teu nome em cada segundo. Hoje eu lembrei que não temos um lugar em especial, só nosso. Um lugar em que eu pudesse ir pra, talvez, relaxar, tentar esquecer os problemas que a vida me causa e que me faça perceber o quanto você ainda está fixado em mim. Mas nós temos tantos outros. Como naquela praça em que passamos um fim de tarde juntos. Eu estava lá escondida do resto do mundo, como sempre. Tudo parecia bem pra nós, creio eu. Tem a esquina da minha rua, o meu portão, uma praia, um píer, escadas, outras esquinas, ruas… Eu juro te encontrar em todos esses lugares. E eu que já li receitas pra te esquecer me esforço a pensar um pouco em você antes de pegar num sono profundo. Eu que já guardei todas as cartas em branco, escrevi esta com mãos calejadas que já percorreram cada centímetro do teu corpo como quem já conhece o caminho de casa. Pra onde teus olhos estão direcionados agora? E tuas carícias tem feito alguém se apaixonar mais por você do que eu? Alguém novo? Ah, vai.. me conta. Olha, eu to tentando há três semanas escrever alguma coisa, qualquer coisa pra você. Porque eu descobri que te amo tanto, tanto, tanto. E você sabe da minha dificuldade em falar sobre o amor, o meu amor por você. E esse sempre foi o maior motivo pra todas as vezes que voltei, que ninguém nunca entende. Não pense que é ousadia minha escrever sobre isso como se eu soubesse, porque eu, na verdade não sei. Eu estou numa fria, literalmente, e te escrever é um método seguro que encontrei de distração pra noites como essa em que se parecem com o início do apocalipse (de mim). Sei que pareço não ligar pra mais nada que venha de você. Mas ei, eu ligo sim. Ainda tem um coração aqui, ainda com pulsação e que é todinho teu. Não o desdenhe, por favor. Mesmo que eu seja esse monstro, aceite-o. Eu o refiz pra você e por você.
“Eu não sei quem hora dizer, me dá um medo. É.. que eu preciso dizer que te amo tanto…”

Piegas

É como se teu rosto me perseguisse por onde ando. Sempre o vejo e é como se as pessoas soubessem sobre nós porque dentro daqueles olhos vejo você me olhando, se perguntando, tentando entender aonde fomos parar. É como se todas minha noites de insônia fossem tuas noites vagas com essas vagabundas, e cada palavra minha fosse teu silêncio sobre o mundo. Palavras impróprias mediante à isto que anda me corroendo todos os dias. “Eu escrevo para libertar os escravos.” Escravos estes sempre preferem a solidão do que estar em outros braços além dos teus. Mudos e vazios. Caçadores de você. Cansados de uma eterna espera para serem salvos de mim, saíram cruzando esquinas, entrando em bares, resistindo aos abismos, procurando por você em gargalhadas e papos fiados com estranhos nos ônibus. Entre conversas, você me disse preferir viver com a falta do que nunca teve do que a ausência do que já foi teu, que dispensa caridades. Falo de amor e você me pergunta “que amor?”. Dentre todas as coisas mais abstratas existentes nesse mundo, você me jura não acreditar no amor. Deus do céu. Posso te aniquilar agora? Agora to tão longe do teu olhar e não já não posso mais pedir que fique. Porque dessa vez quem foi embora foi eu. Queria poder dizer que ainda te amo, mas minhas palavras já não dizem mais o que tanto quero dizer. Logo eu que te faria sorrir num dia qualquer mesmo com todos os problemas que temos… Mas acho que sou apenas uma página rasgada, ou uma vírgula na história da tua vida que obrigatoriamente você teve que usar, me usar.

Oh, no. Not you again…

Ainda não sei o que fui fazer lá, mas fui. Às vezes, eu faço umas coisas sem pensar em nada. Sem me preocupar, sem consciência pesada. Talvez até sem consciência. Ainda que eu não me arrependa, algumas coisas eu deveria pensar três vezes antes de fazer. Sempre digo que na próxima eu farei diferente mas, quando vejo, lá estou. Lá estou enroscada em seus braços e pernas, com seu peso sobre mim onde único som produzindo é o de nossas respirações. -Isso soou bem clichê, não?-. Isso quando as poucas palavras por nós ditas não expressam sentido algum, ou até expressam, mas preferimos dizê-las de forma que fiquem subentendidas. Caminho diferente, passos mais mansos e coração à mil! Eu só pensava o que estava fazendo ali. Mas quando te vi, resolvi parar de pensar. Se eu pensasse mais um tico, voltava pra casa dali mesmo. Acho que perdi alguns dos meus sentidos. Você me abraçou, mas meus braços foram incapazes de se mexer. Eu senti que, talvez, aquele não era meu lugar. Os minutos passaram-se rápidos demais que não pude voltar pra casa. Imagine o sacrifício que foi dormir do seu lado naquela cama de solteiro com nosso cheiro de suor, o teu cheiro. Seria mais fácil se eu não tivesse tirado minha carcaça de mostro enquanto eu me olhava no espelho antes de sair de casa. Teria sido mais fácil se não fosse você lá. Entre tantas coisas no mundo, você resolveu ser a mais linda e dolorosa pra mim. E é por isso, que mesmo sendo esse iceberg humano, perto de você me desfaço e me refaço com o pouco que tenho de ti. Sou feita das (tuas) pequenas coisas. Hoje você me disse que estava com saudades dos meus beijos e eu tive vontade de deixar você falando sozinho. Você diz isso como se fosse um código mágico pra me ter de novo. E tudo que você faz parece tão certo, tudo tão do jeito que eu gosto. Tu já sabes bem, não é mesmo? “Oh no. Not you again…” Por obséquio, permita que eu continue minha vida sem você. Até que desta vez eu estou conseguindo e, mesmo sentindo um pouco a sua falta, é bom não ter ninguém me chamando de idiota. Eu me tornei isso que não sei dizer o que é, e nem que tamanho isso tem dentro de mim. Eu me acomodei com esse buraco que eu mesma fiz em mim, me permiti chegar a este ponto. Ainda não sei o que fui fazer lá, mas fui. E continuo sem saber. Sem saber o que escrever. Ainda que não me falta assuntos interessantíssimos, você é a mais bela coisa que sei escrever. Só sei escrever você, falar você, respirar você. Ainda que me cause danos irreparáveis. Ainda que não sejamos mais nada além destas palavras…

Como dizer que te amo

Mas e esse teu cheiro que não sai de mim? Dormi com seu cheiro e sua camisa. Dormi com você sobre mim, senti sua cabeça caindo enquanto pegava no sono. Contive minha risada só pra não te acordar. Eu tentei te dizer tantas vezes, eu respirava fundo, abria a boca e engolia aquelas palavras que insistiam em não sair. Elas nunca saem, ficam aqui me atormentando. Eu sempre me acho tão boba por sempre voltar, por sempre deixar você pegar na minha mão e permitir que me impeça de colocar o “ponto final”, mas é que você tem um jeitinho tão particular que me faz desistir de tudo e de todos só pra ficar naquele quarto bagunçado, nos teus braços, olhando profundamente os teus olhos. Mesmo tendo consciência de que, ao sair dali, somos apenas dois estranhos. Você tem suas vadias e eu tenho a mim. Você com migalhas e eu inteira. Eu te vi virando as costas enquanto ia embora e tive vontade de correr atrás e pedir que ficasse mais um pouco. Mas desisti. Talvez pelo mesmo motivos que aquelas palavras nunca saem. Você sabe que elas estão na ponta da língua. Você me olha como se soubesse o que tenho à dizer. Cada palavra escrita por mim quer dizer apenas isso, mas não sei dizê-las. Você sabe o quê! Ainda que se esqueça às vezes, você sabe.

Só sei que nada sei

Tem algo errado dessa vez. Eu não sei como começar isso, nem o que dizer. Mas as palavras estão aqui e de alguma forma elas precisam sair. Como dizê-las? E pra quem? Quem em sã consciência prestaria atenção no que tenho a dizer? E quem entenderia, se nem eu mesmo as entendo? “Só sei que nada sei” já dizia Sócrates. Só sei que elas precisam sair de mim, da minha garganta, da parte mais oculta da minha alma, dos meus dedos… Seja com inúmeros erros ortográficos, eu não me importo. Só precisam sair. Não contei à ninguém, mas eu chorei no banco daquela praça. Chorei saudades. Aquelas foram as lágrimas mais renegadas da minha vida. Neguei que você saísse da forma mais triste de mim. Eu estava ali dentre aquelas pessoas esperando que você aparecesse e me salvasse. Mas você não foi e eu fui salva por outro. Não sei se “salva” é a palavra certa, mas ele conseguiu levar minhas dores pra longe ou as transformou em sorrisos. Ele sim, merece aquele meu abraço que eu sempre guardei pra você. Mesmo com todos seus vacilos, meus braços sempre estiveram aptos a te dar o melhor abrigo. Não só meus braços, mas como minhas pernas, lábios, ouvidos…e, ah, toma! Era tudo teu. Pois bem, sei que as coisas estão mudadas porque sempre consegui com facilidade escrever sobre você. Mas dessa vez não. Pensei em tantas outras palavras, algumas mais bonitas, porém não tão sinceras como estas. Pensei também em te xingar com os mais terríveis palavrões. Percebi que qualquer coisa que eu escrevesse não teria importância nem pra você, nem pros demais. Só que estas, exatamente estas palavras expressaram meu alívio. Não alívio completo, eu sei que mais dias, menos dias estarei aqui novamente fazendo a mesma coisa, numa busca por um pouco de calmaria pros meus sonos. Procurando o mínimo de autodefesa da imensa loucura que é o amor, tentando através destas palavras, te esquecer.

you never leave me

É você que me vê nua e despida de si. Que me vê sóbria e alucinada. Você que me protege, que me cuida e me atormenta. É você nas músicas e em todas as palavras ditas por mim. É você nos pontos de ônibus, nos bares e no espaço vazio da minha cama. Seu nome em jornais, redes sociais e pichado no muro da minha rua. Em todos os “sins”, “talvez” e “porquês”. Em toda saudade, em toda lágrima, em todo sorriso, em todo grito abafado, em todo sono pesado. Em toda fumaça solta e copo virado goela a baixo. Em todas as tentativas frustradas de esquecimento, você. Você em todas as horas e minutos. Você aqui longe, você aqui perto, você aqui em qualquer lugar. Você pálido, negro ou azul. Você nos aromas, você nos sabores. Você na minha pele, na minha alma, você circulando em minhas artérias. Você sempre. Em todos os cantos. Você em tudo produzido por mim.

Malditas palavras mal ditas

Sim, essa é mais uma carta que escrevo sobre ti que não será entregue. Na verdade, essa não é a intenção. Eu só preciso vomitar essas palavras mal ditas que estão engasgadas aqui. Mal ditas porque saem de outras maneiras. Malditas. Essa é mais uma carta onde esclareço pra todos que ainda tens muito de mim, talvez tudo. Ontem eu tive vontade de te abraçar ao invés de apertar sua mão, e depois, eu acenderia um cigarro e me odiaria, e me socaria por ter me rendido a essa abstinência. Eu te olhava escondidinho, entre todas aquelas outras pessoas que sumiam quando você se tornava meu foco. Eu só queria que me olhasse… Mantive um belo sorriso e ninguém foi capaz de perceber o quanto sua distância me machucava. Mas se você me quisesse voltar, eu te aceitaria. Como amiga, como irmã, como mulher, como o que você quisesse – que humilhação-. Te aceitaria de volta porque… você sabe… você sabe. Ao contrário dessas vagabundas que você anda transando por ai, eu sempre vou estar aqui, mesmo sendo essa chata e bipolar, eu vou estar.

Revirando as coisas do passado, te encontrei

Ele é incrível, não tenho dúvidas disso. Ele me deu flores semana passada quando me levou pra andar de barco. E ontem, me mandou uma carta dizendo que ele necessita de mim. Que meus olhos é a luz de qualquer escuridão e que ele conheceu o amor quando me viu a primeira vista, de longe no show dos Los Hermanos. Ele, por sinal, tem um ótimo abraço, e me encantei ao saber que sua música preferida também é Último Romance. Meus pais o adoram, assim como eu. Mas ontem, depois que ele foi embora, revirando algumas coisas do passado, vi uma foto minha e sua junto com aquele seu cordão que deixaste comigo. Lembrei o quanto chato e idiota você era naquela época, e que não mudou nada. Continua o mesmo de sempre. Lembrei o quanto fui apaixonada por você, e descobri que ainda sou. Fui sentindo um aperto no coração e uma inexplicável vontade de você e aquela saudade doída que só sei sentir por ti. Percebi que sim, eu gosto dele e que me fazia superbem estar na companhia dele, mas nada que se comparasse a sua doce presença. Eu poderia ser completamente apaixonada por ele se eu não te conhecesse. Talvez, eu deva esquecer você- ou não. São tantos anos que eu não tenho coragem o suficiente para ignorar meus sentimentos por você. Não são águas passadas. Você está aqui, de volta à minha vida. Já não consigo pensar em mais nada além de nós juntos de novo, em paz. Pois é isso que eu quero. Eu te amo demais, e não posso permitir perder o homem da minha vida mais uma vez.